sábado, 4 de junho de 2016

Coração de Jesus, de Majestade Infinita


Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono de sua glória. (Mt 25,31)
Ó Coração de amor, ponho toda minha confiança em ti, temo minhas fraquezas e falhas, mas tenho esperança em tua Divindade e Bondade. (Santa Margarida Maria de Alacoque)

São João Paulo II nos legou as seguintes palavras sobre esta invocação, Coração de Jesus, de Majestade Infinita:
Por meio do Coração Imaculado de Maria queremos nos dirigir ao Coração divino de seu Filho, ao Coração de Jesus, de Majestade Infinita! A infinita majestade de Deus está oculta no Coração humano do filho de Maria. Esse Coração é nossa Aliança. É o que há de mais próximo de Deus com relação aos corações humanos e à história humana. Ele é a maravilhosa “condescendência” de Deus: o coração humano que palpita de vida divina, a vida divina que palpita num coração humano. 
Na Santíssima Eucaristia descobrimos pelo “sentido da fé” o mesmo Coração: o Coração de majestade infinita, que continua a bates do amor humano do Cristo. Deus-Homem. O Santo Padre Pio X, antigo patriarca de Veneza, experimentou esse amor muito profundamente quando desejou que todos os cristãos, desde a infância, se aproximassem da Eucaristia, comungando, a fim de se unirem ao Coração que é para todos “Casa de Deus e Porta do Céu”: “casa” porque, pela comunhão eucarística, o Coração de Jesus abre sua morada a cada coração humano; “porta” porque em cada um desses corações humanos Ele abre a perspectiva da união eterna com a Santíssima Trindade. 
Mãe de Deus! Enquanto meditamos o mistério de tua Anunciação, aproxima de nós esse Coração divino, Coração de Majestade infinita, Casa de Deus e Porta do céu. Esse Coração que, desde o momento da anunciação do anjo, começou a pulsar junto de ter coração virginal e maternal. 
(São João Paulo II – Angelus – 16 de junho de 1985)

Diz-nos o Padre Paschoal Rangel que a majestade liga-se à grandeza, glória, esplendor, luminosidade, à honra que vem do poder.
Na Bíblia, sobretudo no Antigo Testamento, fala-se muito na "glória" de Deus, de sua luminosidade e seu poder. As grandes teofanias ou manifestações de Javé se dão em meio a trovões e relâmpagos, ou na nuvem cheia de luz. Mesmo quando Deus aparece na "brisa leve", como no caso do profeta Elias no Monte Horeb, antecedeu-o o vento impetuoso, fendendo montanhas e rebentando pedras (1R 19,11-12). 
Javé é um Deus de majestade trovejante (Sl 28,3; 71,19). Essas manifestações, porém, apenas serviam para dizer aos homens de um tempo rude, que conviviam com as asperezas do deserto ou as inclemências cósmicas sem capacidade de dominá-las, que o seu Deus tinha os poderes da natureza em suas mãos.Jesus mesmo fez questão, às vezes, de mostrar aos discípulos que as forças cósmicas, ele as podia dominar com uma palavra, como quando acalmou os ventos e a tempestade no Lago de Genesaré (Lc 8,25; Mt 8,26). Uma outra vez, estourando o trivial, Jesus transfigura diante dos apóstolos e lhes permite ver, por alguns minutos, sua glória interior. Certamente, seu poder, sua sabedoria, sua santidade eram indizíveis. Mas ele as mantinha, normalmente, ocultas. Fazia parte dos desígnios de Deus, da economia da salvação, como falavam os Padres da Igreja, que a majestade e o senhorio (a sua qualidade de Senhor, Kýrios) não aparecessem senão excepcionalmente, como "sinais", apelos divinos, capazes de mover os homens. O Pai quis que o poder do Filho se exercesse, aqui na Terra, durante este período de luta, de "agonia" do cristão para a conquista amorosa e humilde do Reino, sob a forma de "serviço", como provas do amor gratuito e generoso, e não como exibição de força e dominação. Sua majestade, como sua divindade, escolheu permanecer, durante o tampo da História da Salvação, "kenotizada", esvaziada, como um poder adaptado ao Servo Sofredor (Fl 2,8; Is 52,13; Is 53,12). 
A majestade do Coração de Jesus continua tendo, hoje ainda, muito dessa voluntária pequenez, enquanto se aguarda o momento da glória definitiva e aberta. (RANGEL, 1993)
Num outro momento, continuou o Padre Paschoal Rangel:
Majestade é, pois, grandeza e glória, riqueza e esplendor, mas aqui, ligadas ao Reino e à distribuição gratuita e generosíssima da Graça. Porque Jesus amor o Pai e fez sempre e em tudo a sua vontade, o Pai "colocou todas as coisas sob seus pés e o constituiu cabeça da Igreja que é seu corpo e sua plenitude" (Ef 1, 22-23). Mais: o Pai o glorificou, "fazendo-o assentar-se à sua direita nos céus" (Ef 1,20).O plano divino em relação ao mundo e aos homens pretende manifestar a glória e a majestade do Filho que, por sua vez, recambia magnificamente tudo ao Pai: "Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus" (1Cor 3,23). O Cristo que um dia morreu, voltará também um dia em sua glória, no fim dos séculos, "quando ele entregar o reino a Deus Pai, depois de ter destruído todo Principado, toda Autoridade, todo Poder. Pois é preciso que ele governe, até colocar todos os seus inimigos debaixo de seus pés. A última inimiga a ser destruída será a morte, pois Deus pôs tudo debaixo de seus pés. Mas quando ele disser: "Tudo está submetido", ele exclui evidentemente Aquele que lhe submeteu todas as coisas. E quando todas as coisas lhe estiverem submetidas, então o Filho, por sua vez, se submeterá Àquele que tudo lhe submeteu, a fim de que Deus seja tudo em todos". (1Cor 15,24-28). 
A glória do Cristo e sua majestade está sempre referida ao Pai. Não podemos jamais perder de vista o mistério da Encarnação, da verdade real, indiscutível da humanidade de Cris, e, portanto, de sua submissão ao Pai, embora, sob outro aspecto seja tão Deus quanto o Pai e goze, como ele, de uma majestade infinita. (Idem)



Notas:

RANGEL, Paschoal. Sagrado Coração do Homem. Belo Horizonte: O Lutados, 1993.
Comentários à Ladainha do Sagrado Coração de Jesus, por São João Paulo II.

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