sábado, 4 de junho de 2016

Coração de Jesus, Digno de Todo Louvor

Digno é o Cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a glória e o louvor. (Ap 5, 12-14)

Meditação de São João Paulo II:
1. Estamos aqui reunidos para venerar o momento único na história do universo em que o Filho de Deus se tornou homem no Coração da Virgem de Nazaré. 
É o momento da Anunciação que a prece do Angelus Domini evoca: "Eis que tu conceberás no teu seio e darás à luz um Filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo" (Lc 1,31-32). Maria, então, disse: "Seja feito segundo a tua palavra" (Lc 1,38); Desde aquele momento, seu Coração se prepara para acolher o Deus-Homem: "Coração de Jesus, digníssimo de todo louvor". 
2. Nós nos unimos à Mãe de Deus par adorar esse Coração de homem que, em razão do mistério da união hipostática (união de naturezas), é também o Coração de Deus. Demos a Deus a adoração devida ao Coração de Jesus Cristo, desde o primeiro instante de sua concepção no seio da Virgem. 
Unidos a Maria, rendamos a Ele a mesma adoração no momento de seu nascimento, quando vem ao mundo na extrema pobreza de Belém. Dediquemos a ele, unidos a Maria, a mesma adoração por todos os dias e anos de sua vida oculta em Nazaré, por todos os dias e anos nos quais realiza seu ministério em Israel. 
E, quando chega o tempo da Paixão, do despojamento, da humilhação e do opróbrio da cruz, unamo-nos mais ardentemente ainda ao coração da Mãe para dizer: "Coração de Jesus, digníssimo de todo louvor". Sim. Digníssimo de todo louvor exatamente por causa desse opróbrio e dessa humilhação. O Coração do Redentor atinge então o ápice do amor de Deus. 
É precisamente o amor que é digno de louvor! 
São Paulo escreveu: "Jamais nos gloriemos a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo" (Gl 6,14); e São João nos ensina: "Deus é amor" (1Jo 4,8). 
3. Jesus Cristo está na glória de Deus Pai. É com essa glória que o Pai adorna, no Espírito Santo, o Coração de seu Filho. Ela anuncia a assunção ao céu do Coração da Mãe. E todos nos unimos a Maria para proclamar: "Coração de Jesus, digno de todo louvor, tem piedade de nós". (Angelus - 4 de agosto de 1985)
Escreve o Padre Paschoal Rangel:
Rezamos no Salmo 95 (96): "Grande é o Senhor e digno de todo louvor". Buscando neste Salmo um motivo de invocação ao Coração de Jesus, fica patente a intenção de unir e até mesmo de identificar Javé e Jesus enquanto merecedores de nossa louvação. 
O bonito é que o Evangelho nos mostra o próprio Pai (Javé, portanto) aliando-se a nós nesse louvor do Filho: Jesus estava num momento de angústia interior: "Minha alma está perturbada". Parecia não saber o que fazer: "Que direi?" - pergunta Ele. "Pai, salva-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim". Então, em vez de orar para si, Jesus faz o grande pedido: "Pai, glorifica o teu nome". Era outra maneira de dizer: "Pai, glorifica o teu nome, venha o teu reino, seja feita a tua vontade...". 
Jesus sabia que chegara a hora de Deus, que era também a "sua" hora. E o pedido que faz, significava: Eu me ofereço para realizar a tua vontade, entrego-me à morte, se é assim que será glorificado o teu nome, manifestando o teu amor ao mundo (Jo 12,27-28). Então, o Pai responde numa voz vinda do alto: "Eu o glorifiquei e o glorificarei novamente". Mas essa glória do Pai refletiria sobre Jesus, pois aquela voz era como: "um selo divino colocado antecipadamente sobre a morte de Jesus", como vontade de Deus, para a santificação dos homens e louvor do Pai. "Se Deus foi glorificado nele, Deus também o glorificará em si mesmo" (Jo 13,32). 
E assim também o Filho é digno de todo louvor. (RANGEL, 1993)



Notas:

RANGEL, Paschoal. Sagrado Coração do Homem. Belo Horizonte: O Lutador, 1993.

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