sábado, 4 de junho de 2016

Coração de Jesus, Fonte de Vida e Santidade

No último dia da festa, o mais solene, Jesus, de pé, disse em alta voz: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba, aquele que crê em mim!" conforme a palavra da Escritura: De seu seio jorrarão rios de água viva. (Jo 7,37)
Meditação de São João Paulo II:
1. Lembremo-nos de Jesus dirigindo-se à pequena cidade da Samaria chamada Sicar, onde havia um poço que remontava aos tempos do patriarca Jacó. 
Ali encontrou uma samaritana em busca de água e lhe disse: "Dá-me de beber". A mulher respondeu: "Como! És judeu e pedes de beber a mim, uma samaritana?" 
Jesus então lhe falou: "Se conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te diz 'dá-me de beber', serias tu que lhe pedirias e ele te daria água viva". E  continuou: "A água que darei tornar-se-á fonte de água para a vida eterna" (Jo 4,5-14) 
Fonte de vida e de santidade. 
2. Em outra ocasião, no último dia das festas das Tendas em Jerusalém, Jesus - como nos diz ainda João - exclamou: "Quem tiver sede venha a mim e beba, aquele que crer em mim, de seu seio jorrarão rios de água viva" (Jo 7, 37). P evangelista acrescenta: "Ele falava do Espírito que deviam receber aqueles que cressem nela" (Jo 7,39). 
3. Todos desejamos aproximar-nos dessa fonte de água viva. Desejamos beber no Coração divino, fonte de vida e santidade.Nele nos foi dado o Espírito Santo, constantemente oferecido a todos os que na adoração e no amor se aproximam de Cristo, de seu Coração. Aproximar-se da fonte significa unir-se ao princípio. Não existe outro lugar, neste mundo criado, de onde possa jorrar a santidade na vida humana, a não ser deste Coração que tando amou. "Rios de águas vivas" jorraram em tantos corações! Disso dão testemunho os santos de todos os tempos. 
4. Nós te pedimos, mãe de Cristo, queiras ser nossa guia para o Coração de teu filho. Nós te rogamos, aproxima-nos dele e ensina-nos a viver intimamente com esse Coração, fonte de vida e santidade.(Angelus - 1 de agosto de 1986)

É preciso não esquecer, lembra o Padre Paschoal Rangel, que o coração, na Bíblia, indica sede própria e principal da alma, centro animador da vida [Veja-se O Coração nas Sagradas Escrituras].
Do Coração de Jesus, "cheio de graça e de verdade" (Jo 1,14), só poderia sair vida e santidade. Aliás, o próprio São João, logo adiante, afirma que "de sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça", ou "bênçãos e mais bênçãos". 
O Pai, "rico em misericórdia, por causa da imensa caridade com que nos amou, ainda que estivéssemos mortos de pecados, nos convivificou em Cristo", ensina-nos São Paulo (Ef 2,4). O vocabulário paulino deliberadamente aglutina as palavras, inventa formas, tentando obrigá-las a dizer belezas inéditas no Antigo Testamento ou na experiência anterior, como esse convivificar-nos em Cristo, que faz com que o cristão viva, mas já não ele, pois é Cristo que nele vive (Gl 2,20). A nossa vida, nós a temos, por estar nele, com Ele. Isto é o mesmo que dizer que Ele é a fonte de vida e santidade. É de seu "lá dentro", de suas vísceras de misericórdia (Lc 1,78), é de seu Coração que nos vêm todas as graças, que estamos longe de merecer. 
Diz Santo Tomás de Aquino que ter sido salvos pela Paixão de Cristo (ato libérrimo e gratuito de amor de seu divino Coração, pois teria havido outros modos de perdoar-nos) foi uma forma de o Cristo manifestar admiravelmente, mais admiravelmente que por outros caminhos, sua  justiça e sua misericórdia. "A justiça, porque, com sua paixão, o Cristo pagou pelo pecado do gênero humano, e assim o homem foi libertado pela justiça de Cristo; a misericórdia, por outro lado, pois, já que o homem por si não tinha capacidade de satisfazer pelo pecado de toda a natureza humana, Deus lhe deu por "satisfazedor" (reparador) seu próprio Filho. Isto foi de uma misericórdia mais generosa do que se os pecados fossem perdoados sem satisfação". 
Para expressar ainda mais plasticamente essa amplidão do amor, o Evangelho nos conta que, depois de morto, o soldado abriu com a lança o lado de Cristo, e do lado aberto jorrou sangue e água (Jo 19,34). Quer dizer, o Coração de Jesus continuou sendo, mesmo na morte, a fonte donde brota a graça e a santidade, o batismo (água), a Eucaristia (sangue). E todos somos convidados a nos abeberar nele: "Tomareis água, com alegria, nas fontes da salvação" (Is 12,3).


Notas:

RANGEL, Paschoal. Sagrado Coração do Homem. Belo Horizonte: O Lutados, 1993.

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