sábado, 4 de junho de 2016

Primeiros Versos - As origens da devoção ao Sagrado Coração de Jesus


V. JESUS, manso e humilde de CORAÇÃO,
R. Fazei nosso coração semelhante ao Vosso.


Sem ter terminado, compreendido, esgotado a Ladainha de Nossa Senhora, lanço-me numa nova aventura: que é escrever e tentar compreender a Ladainha do Sagrado Coração de Jesus. Tendo em mente que:
Inumeráveis são as riquezas celestiais que nas almas dos fiéis infunde o culto tributado ao sagrado coração, purificando-os, enchendo-os de consolações sobrenaturais, e excitando-os a alcançar toda sorte de virtudes. (Pio XII, Haurietis Aquas)

Seria muita pretensão e falta de humildade afirmar que a "compreenderei", digo, então, que apenas caminharei sobre esta devoção, passo a passo e na medida das minhas forças, que provêm do próprio Jesus e de Maria.

Se compreender a Virgem Maria que é uma criatura - uma criatura muito especial, mas criatura - já é algo que, se não for impossível, não me vejo capaz de o fazê-lo, senão por um milagre, imagina o que seria "compreender" o Sagrado Coração de Jesus, que é Deus? Hão de convir que é impossível.

Mas, me deixarei levar - e espero, me enlevar - por este mistério.

Vou me socorrer, novamente, dos bons e experimentados autores, como o Padre Paschoal Rangel que sobre ela escreveu um livro intitulado Sagrado Coração do Homem (1). E espero, mais ainda, que seja agradável a Deus este nosso trabalho. Pois, se não o for, não terá sentido algum para mim, nem seria bom para ninguém, e seria melhor nem tê-lo começado.

O próprio Pe Paschoal, no prefácio de seu livro, revela a dificuldade que é escrever sobre esta Ladainha:

Diferentemente da Ladainha de Nossa Senhora, a do Sagrado Coração de Jesus constitui, o tempo todo, um desafio ao meu propósito de fazer um livro popular. Eu tinha que me conter a cada invocação, que, sempre de novo, me recolocava diante de tentação de me meter a teólogo. A riqueza doutrinária presente, incluída, calcada, recalcada em palavras postas assim na boca do povo, parecia exigir um desenvolvimento teológico. Fazer isso sem cair no teologuês - eis a questão. Tentei. Acho até que consegui na maior parte das vezes. Espero que o leitor comum - que é o leitor que eu quis atingir - venha a gostar, como gostou do meu livrinho, "Maria, Maria...", em que comentei a Ladainha de Nossa Senhora.


Do Ofício das Leituras da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, fiquemos com as palavras de São Boaventura, em cujo opúsculo "A Árvore de Vida", apreendemos um iluminado resumo da vida de Jesus Cristo:
  
(Opusculum 3, Lignum vitae, 29-30.47 Opera omnia 8,79)         (Séc.XIII)

Em vós está a fonte da vida
            Considera, ó homem redimido, quem é aquele que por tua causa está pregado na cruz, qual a sua dignidade e grandeza. A sua morte dá a vida aos mortos; por sua morte choram o céu e a terra, e fendem-se até as pedras mais duras. Para que, do lado de Cristo morto na cruz, se formasse a Igreja e se cumprisse a Escritura que diz: Olharão para aquele que transpassaram (Jo 19,37), a divina Providência permitiu que um dos soldados lhe abrisse com a lança o sagrado lado, de onde jorraram sangue e água. Este é o preço da nossa salvação. Saído daquela fonte divina, isto é, no íntimo do seu Coração, iria dar aos sacramentos da Igreja o poder de conferir a vida da graça, tornando-se para os que já vivem em Cristo bebida da fonte viva que jorra para a vida eterna (Jo 4,14).
            Levanta-te, pois, tu que amas a Cristo, sê como a pomba que faz o seu ninho na borda do rochedo (Jr 48,28), e aí, como o pássaro que encontrou sua morada (cf. Sl 83,4), não cesses de estar vigilante; aí esconde como a andorinha os filhos nascidos do casto amor; aí aproxima teus lábios para beber a água das fontes do Salvador (cf. Is 12,3). Pois esta é a fonte que brota no meio do paraíso e, dividida em quatro rios (cf. Gn 2,10), se derrama nos corações dos fiéis para irrigar e fecundar a terra inteira.
            Acorre com vivo desejo a esta fonte de vida e de luz, quem quer que sejas, ó alma consagrada a Deus, e exclama com todas as forças do teu coração:“Ó inefável beleza do Deus altíssimo e puríssimo esplendor da luz eterna, vida que vivifica toda vida, luz que ilumina toda luz e conserva em perpétuo esplendor a multidão dos astros, que desde a primeira aurora resplandecem diante do trono da vossa divindade.  
            Ó eterno e inacessível, brilhante e suave manancial daquela fonte oculta aos olhos de todos os mortais! Sois profundidade infinita, altura sem limite, amplidão sem medida, pureza sem mancha!”
            De ti procede o rio que vem trazer alegria à cidade de Deus (Sl 45,5), para que entre vozes de júbilo e contentamento (cf. Sl 41,5) possamos cantar hinos de louvor ao vosso nome, sabendo por experiência que em vós está a fonte da vida, e em vossa luz contemplamos a luz (Sl 35,10).

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Sem mais para estes "primeiros versos", convido-os a participar desta nossa nova aventura.

"Omnia in Gloriam Dei facit",  Fazei tudo para a Glória de Deus. (1 Cor.íntios 10,31)


Niterói, 3 de junho de 2016.


Cláudio José Aarão Rangel

SAGRADOS CORAÇÕES DE JESUS E DE MARIA


CAPA DO LIVRO DO Pe. PASCHOAL RANGEL


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Sagrado Coração de Jesus (2) é uma das três solenidades do Tempo Comum, dentro da Liturgia da Igreja Católica, comemorada na segunda Sexta-feira, após a solenidade de Corpus Christi. Além disso, essa devoção também é cultivada pela Igreja Católica ao longo de todas as primeiras Sextas-feiras de cada mês. Consiste na veneração do Coração de Jesus, do mais íntimo de Seu Amor.


As origens da devoção


Pintura com a Beata Maria do Divino Coração e Santa Margarida Maria de Alacoque em adoração ao Sagrado Coração de Jesus.
A origem desta devoção deve a Santa Margarida Maria, uma religiosa de uma Congregação conhecida como Ordem da Visitação. A Santa Margarida Maria de Alacoque teve extraordinárias revelações por parte de Jesus Cristo, que a incumbiu pessoalmente de divulgar e propagar no mundo esta piedosa devoção. Foram três as aparições de Jesus: A primeira, deu-se a 27 de Dezembro de 1673, a segunda em 1674 e, a terceira, em 1675. Mais tarde, outra religiosa, a Beata Maria do Divino Coração, condessa de Droste zu Vischering, a partir de Portugal estendeu a esta devoção a todo o Mundo por meio de um acto de consagração solene pedido ao Papa Leão XIII.
Jesus deixou doze grandes promessas às pessoas que, aproveitando-se da Sua Divina Misericórdia, participassem das comunhões reparadoras das primeiras sextas-feiras. Disse Ele, numa dessas ocasiões a Santa Margarida Maria de Alacoque: "Prometo-te, pela Minha excessiva misericórdia e pelo amor todo-poderoso do meu Coração, conceder a todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, a graça da penitência final; não morrerão em minha inimizade, nem sem receberem os sacramentos, e Meu Divino Coração lhes será seguro refúgio nessa última hora".
Não se sabe quem compôs a lista com as 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus, tiradas das revelações de Nosso Senhor a Santa Margarida Maria de Alacoque. Sabe-se só que são fidedignas – as promessas estão de fato contidas nas revelações – e que o trabalho anônimo foi de grande mérito e utilidade.
M. Kemper, um modesto comerciante de Dayton, cidadezinha norte-americana, iniciou, em 1882, um trabalho de ampla divulgação delas.
A partir desta primeiro impulso, tiveram propagação mundial. Normalmente são conhecidas como as 12 Promessas do Coração de Jesus, a mais importante das quais, é a 12ª, chamada a GRANDE PROMESSA.

Os Papas que recomendaram esta devoção


Papa Pio XII – “Todas as Bênçãos que, do Céu, a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus derrama sobre as almas dos Fiéis, purificando-os, trazendo-lhes uma grata consolação celeste e exortando-os a alcançar todas as virtudes, são verdadeiramente inumeráveis.”
Papa Pio XII – “A Igreja teve sempre em tal estima a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e de tal modo continua a considerá-la, que se empenha totalmente no sentido de a manter florescente em todo o mundo, e de a promover por todos os meios possíveis.”
Papa Leão XIII disse que a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus era “uma forma por excelência de religiosidade (…) Esta devoção, que recomendamos a todos, será para todos proveitosa.” – “No Sagrado Coração está o símbolo e a imagem expressa do Amor Infinito de Jesus Cristo, que nos leva a retribuir-Lhe esse Amor.”
Papa Pio XII – “O Seu Coração é o sinal natural e o símbolo do Seu Amor sem limites para com a humanidade.”
Papa São Gregório Magno († 604 AD) disse: “Aprendei do Coração de Deus e nas próprias palavras de Deus, para poderdes aspirar ardentemente às coisas eternas.”
Papa São Pio X recomendou esta devoção tal como o Papa Pio XI e como, já antes, o fizera o Bem-Aventurado Papa Pio IX.


Irmã Maria do Divino Coração(1863-1899) foi uma religiosa da Congregação das Irmãs do Bom Pastor que pediu, baseada nas suas revelações privadas por parte de Jesus Cristo, ao Papa Leão XIII que consagrasse o mundo inteiro ao Sagrado Coração de Jesus.

Os Santos que recomendaram esta devoção


O exemplo dos Santos, ao mesmo tempo que é um poderoso incentivo que nos incita à prática de uma devoção que eles próprios praticaram, é também, para nós, um guia modelar que nos mostra como a devemos praticar.
O espaço de que dispomos não nos permite anotar todos os Santos que promoveram a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que a viveram e que sentiram o sagrado impulso que dela provinha para amar Jesus mais ardentemente. Recordemos aqui a doutrina e o exemplo dos Santos:
Santa Margarida Maria de Alacoque foi a primeira pessoa a quem Jesus revelou o Seu Sagrado Coração (por meio de diversas aparições) e foi a primeira responsável pela divulgação do Seu culto e devoção ao Mundo.
Santa Gertrudes, a Grande (1256-1302), compôs esta Oração expressando o seu Amor: "Eu Vos saúdo, ó Sagrado Coração de Jesus, Fonte viva e vivificante de Vida Eterna, Tesouro infinito da Divindade, Fornalha Ardente do Amor de Deus…".
Santa Catarina de Siena elevou até um grau extraordinário o Amor que dedicou a esta Devoção (ao Sagrado Coração de Jesus): ofereceu o coração todo inteiro ao seu Divino Esposo, tendo obtido em troca o próprio Coração de Jesus.
A Beata Maria do Divino Coração, condessa de Droste zu Vischering, foi uma religiosa da Congregação das Irmãs do Bom Pastor que pediu, em nome do próprio Jesus Cristo, ao Papa Leão XIII que ele consagrasse todo o Mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Tal facto veio a ocorrer a 11 de Junho de 1899, logo após a publicação da Encíclica Annum Sacrum.
E todos os que leram a vida e a obra de Santos – como São Francisco de AssisSão Tomás de AquinoSanta Teresa de ÁvilaSão BoaventuraSanto Inácio de LoyolaSão Francisco XavierSão Filipe de NériSão Francisco de SalesSão Luís de GonzagaSanta Faustina, entre outros – poderão ver a terna devoção, a admiração e a adoração que estes Santos dedicavam ao Sagrado Coração de Jesus.

As 12 Promessas do Sagrado Coração de Jesus

  1. Dar-lhes-ei todas as graças necessárias ao seu estado de vida.
  2. Estabelecerei a paz nas suas famílias.
  3. Abençoarei os lares onde for exposta e honrada a imagem do Meu Sagrado Coração.
  4. Hei-de consolá-los em todas as dificuldades.
  5. Serei o seu refúgio durante a vida e em especial na hora da morte.
  6. Derramarei bênçãos abundantes sobre todos os seus empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão no Meu Sagrado Coração uma fonte e um oceano sem fim de Misericórdia.
  8. As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas.
  9. As almas fervorosas ascenderão rapidamente a um estado de grande perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes o poder de tocarem os corações mais empedernidos.
  11. Aqueles que propagarem esta devoção terão os seus nomes escritos no Meu Sagrado Coração e d’Ele nunca serão apagados.
  12. Prometo-vos, no excesso de Misericórdia do Meu Coração, que o Meu Amor Todo-Poderoso concederá, a todos aqueles que comungarem na Primeira Sexta-Feira de nove meses seguidos, a graça da penitência final; não morrerão no Meu desagrado nem sem receberem os Sacramentos: o Meu Divino Coração será o seu refúgio de salvação nesse derradeiro momento.


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Notas:

1 - RANGEL, Paschoal. Sagrado Coração do Homem. Belo Horizonte: O Lutador, 1992.
2 - O texto a seguir foi extraído da Wikipédia, e, a princípio, considerei bem feito, mas, como trata-se aqui de uma "caminhada" que faremos, se eu notar ao longo do percurso que há algo a acrescentar, ou suprimir, será feito.
3 - Encíclica Annun Sacrum - Leão XIII - 25 de maio de 1899


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