sábado, 4 de junho de 2016

Coração de Jesus, Rei e Centro de Todos os Corações



Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e todas as coisas colocaste debaixo dos seus pés. Se Deus lhe submeteu todas as coisas, nada deixou que lhe ficasse insubmisso. Agora, porém, ainda não vemos que tudo lhe esteja submisso. (Hb 2,7-8)

Meditação de São João Paulo II:
1. Sabemos que durante a atividade messiânica de Jesus na Palestina o povo, ao ver os sinais que realizava, queria proclamá-lo rei: Via em Jesus o verdadeiro herdeiro de Davi, que durante seu reinado conduzira Israel ao máximo esplendor. 
2. Sabemos, também, que diante do tribunal de Pilatos, à pergunta "Tu és rei?", Jesus respondeu: "Meu reino não é deste mundo. Para isto nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz" (Jo 18,33-37). 
3. Jesus é rei dos Corações. Jamais pretendeu ser soberano temporal, nem mesmo sobre o trono de Davi.Desejou unicamente o reino que não é deste mundo, mas que se enraíza neste mundo por meio da verdade nos corações humanos, no homem interior. 
Por causa desse reino ele anunciou o Evangelho e realizou grandes sinais. Por esse reino, o reino dos filhos e filhas adotivos de Deus, entregou sua vida na cruz. 
4. Confirmou esse reino por sua ressurreição, dando o Espírito Santo aos apóstolos e aos homens da Igreja.Desse modo Jesus Cristo é o rei e centro de todos os corações.Unidos a ele na verdade, caminhamos para a união do reino, no qual Deus "enxugará toda lágrima" (Ap 7,17) porque ele será "tudo em todos" (1Cor 15,28). 
5. Reunidos hoje para a habitual oração dominical do Angelus Domini, digamos com a mãe de Deus, ao Coração de seu Filho, a invocação: "Coração de Jesus, rei e centro de todos os corações, tem piedade de nós". 
Que o Coração Imaculado de Maria guie nossa oração! (Angelus - 25 de agosto de 1985)
Escreve o Padre Paschoal Rangel:
No Coração de Jesus é que se radica sua realeza, que é uma realiza de amor, um poder cheio de compreensão e misericórdia. Claro que a raiz mais profunda da realeza de Cristo está em seu "ser Deus". Filho infinito do Pai infinito, estão em suas mãos todas as coisas do céu e da terra (Mt 18,18). Já no Salmo 2, que é um salmo messiânico e, portanto, se refere a Jesus, está escrito: "O Senhor me disse: 'Tu és meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança; por tua possessão, até os confins da terra". 
No livro do Profeta Zacarias (9,9), uma frase linda nos revela: "Eis que vem aí o teu rei, justo e salvador - ele mesmo pobre".E, nessas palavras tão antigas, logo se revela que tipo de rei é esse. Possui tudo, seu poder se estende até as extremidades do mundo - mas é um Rei que não tem nada a ver com as pompas, as riquezas, o aparato militar, a força material; nem poderá contar com as massas humanas, a pressão das multidões: "Ele mesmo tão pobre". 
Curiosamente, durante toda a vida, fugiu de tudo que significasse demagogia, glorificações apressadas. Mas quando chegou a hora da Paixão, aceitou a entrada triunfal em Jerusalém, verdade que montado num jumento e não numa carruagem de guerra... Jamais dissera aos discípulos que era Rei, mas o disse a Pilatos, no exato momento em que ia ser condenado à morte. Era um Rei despojado materialmente, um Rei cheio de humilhação e dor. Há uma palavra bonita de Bossuet, no "Sermão sobre a Realeza de Jesus Cristo": "A Cruz é o seu trono; sua palavra, sua púrpura, o próprio sangue; sua força, a carne lacerada".E é aí que Ele se torna o "centro" da História e do Mundo: "Quando eu for elevado da terra (isto é, crucificado), atrairei tudo a mim" (Jo 12,32). Há uma variante que diz: "... atrairei todos a mim". E tudo girará, nesse dia e, daí por diante, todos os dias, em torno desse Coração que deixou sair de si todo o sangue, abriu-se em fonte de vida e força. 
Cristo-Rei atrai para si o homem todo: "a alma que ele deifica; o intelecto, para que esteja sempre meditando nele; a vontade, para que a ele amorosamente se submeta; a afetividade, para que Cristo seja sempre o seu grande amor; o corpo, para que todos os nossos músculos, e vísceras, e sangue, e tudo sejam instrumentos de luta para a glória de Deus". 
Em torno de Cristo nos colocamos. E não apenas os indivíduos, mas a sociedade. Se Ele não for o Rei e o Centro das sociedades e dos corações, seremos vítimas da discórdia, dos interesses egoístas, da exploração dos fracos pelos fortes.... "Quem não congrega comigo, espalha"; quem não encontra em mim o seu centro, o seu eixo, se rebenta e se dispersa por aí" (Mt, 12,30). (RANGEL, 1993)


Notas:

RANGEL, Paschoal. Sagrado Coração do Homem. Belo Horizonte: O Lutador, 1993.

Nenhum comentário:

Postar um comentário