Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados. E não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. (1Jo 2,2)Meditação de São João Paulo II:
1. O Coração de Jesus é fonte de vida, porque por ele se realiza a vitória sobre a morte. É fonte de santidade porque nele foi vencido o pecado, adversário da santidade no coração do homem.
No domingo da ressurreição, Jesus entrou no cenáculo com as portas fechadas e disse aos apóstolos: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados" (Jo 20,23). Dizendo isso, mostrou-lhes suas mãos e seu lado, onde eram visíveis as marcas da crucificação. Mostrou-lhes o lugar do Coração traspassado pela lança do centurião.
2. Assim os apóstolos foram chamados a voltar ao Coração, que é propiciação pelos pecados do mundo. Como eles, nós também somos chamados. O poder da remissão dos pecados, o poder do triunfo sobre o mal que reside no coração humano, tem sua raiz na na paixão e morte de Cristo redentor. Um sinal particular desse poder redentor é precisamente o Coração.
A paixão do Cristo e sua morte apropriaram-se de todo o seu corpo, realizando-se mediante todas as feridas que ele recebeu durante a paixão. Mas foi particularmente no Coração que aconteceram, pois o Coração agonizava enquanto o corpo todo expirava. O Coração se consumia no ritmo do sofrimento de todas as feridas.
3. Nesse despojamento, o Coração ardia de amor. Uma viva chama de amor consumiu-se na cruz.Tamanho amor do Coração foi o poder propiciatório para os pecados. Triunfou - e triunfa para sempre - sobre o mal encerrado no pecado, sobre todo afastamento de Deus, sobre toda revolta da vontade livre do homem, sobre todo mau uso da liberdade que se opõe a Deus e à sua santidade.
O amor que consumiu o Coração de Jesus, amor que provocou a morte de seu Coração, era e permanece um poder invencível. Mediante o amor do Coração divino, a morte conseguiu a vitória sobre o pecado. Tornou-se fonte de vida e santidade.
4. O próprio Cristo conhece profundamente este mistério redentor de seu Coração. E é dele a confirmação imediata. Quando disse aos apóstolos: "Recebei o Espírito Santo para a remissão dos pecados", presta homenagem a este Coração que é propiciação pelos pecados do mundo.
Maria, Tu que és o refúgio dos pecadores, aproxima-nos do Coração de teu filho! (Angelus - 17 de agosto de 1986)
Escreve o Padre Paschoal Rangel (1993):
As palavras latinas "propiciatio", "propitius", de onde vêm os nossos "propiciação", "propício", "propiciar", "propiciatório", exprimem metaforicamente o ato de alguém se tornar mais achegado a nós, de não ter empecilhos para estar perto de nós. "Propitius" vem de "prope", que significa "perto", "junto". Assim como dizemos metaforicamente que o pecado nos afasta de Deus, podemos dizer que a oração, o arrependimento, a caridade nos aproximam dele. A bondade, a penitência, o amor tornam Deus propício, disposto a nos perdoar, "porque ele fica gostando de nós outra vez".
O Coração de Jesus é, de algum modo, propiciação por nossos pecados, como ensina São João (1Jo 4,2). Quer dizer, oferecendo-se ao Pai por amor a nós, Ele tira da presença do Pai, ele cobre, por assim dizer, aos olhos do Pai os nossos pecados, e inclina Deus a nos amar, a reaproximar-se de nós, vendo em nós a beleza, a santidade, o amor do Filho.
Notas:
RANGEL, Paschoal. Sagrado Coração do Homem. Belo Horizonte: O Lutador, 1993.
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