sábado, 4 de junho de 2016

Coração de Jesus, Templo Santo de Deus


Respondeu-lhes, Jesus: "Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei". Disseram-lhe, então os judeus: "Quarenta e seis anos foram precisos para se construir este Templo, e tu o levantarás em três dias?" Ele, porém, falava do templo do seu corpo. (Jo 2,19-21) 
"Só por vós, Trindade Santa, suma origem, todo bem, todo ser, toda beleza, toda vida se mantém. Nós os filhos adotivos, pela graça consagrados, nos tornemos templos vivos, a vós sempre dedicados". (Ofício Divino) 
Meditação de São João Paulo II:
1. Na hora da oração do Angelus, com Maria - e por meio de seu Coração Imaculado - nos dirigimos ao Coração divino de seu Filho: 
Coração de Jesus, templo santo do Senhor. 
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo. 
Coração de um homem semelhante a tantos e tantos corações humanos e, ao mesmo tempo, Coração de Deus Filho. Se é verdade que todo homem "habita", de certa maneira, em seu coração, no Coração do Homem de Nazaré, de Jesus Cristo, habita Deus. O Coração de Jesus é o "templo de Deus". 
2. Deus Filho está unido ao Pai enquanto Verbo Eterno, "Deus de Deus, Luz da Luz... gerado, não criado". O Filho está unido ao Pai no Espírito Santo, que é o "sopro" do Pai e do Filho e, na Trindade divina, é a Pessoa Amor. O Coração do homem Jesus Cristo é pois, em sentido trinitário, "templo de Deus". Ele é o templo interior do Filho que está unido ao Pai no Espírito Santo pela unidade da divindade. Quão insondável permanece o mistério desse Coração, que é o "templo de Deus" e "tabernáculo do Altíssimo"! 
3. Ao mesmo tempo, ele é a verdadeira "morada de Deus entre os homens" (Ap 21,3), porque o Coração de Jesus, em seu templo interior, abraça todos os homens. Todos aí habitam, abraçados pelo eterno amor. A todos podem ser dirigidas - no Coração de Jesus - as palavras do Profeta: "Com um amor eterno eu te amei" (Jr 31,3). 
4. Que essa força do amor o que está no divino Coração de Jesus seja comunicada de maneira especial aos jovens que devem receber a Confirmação! Neles o Espírito Santo deve residir de modo particular. Que seus corações se tornem - a exemplo do Coração de Cristo - "templo santo do Senhor" e "tabernáculo do Altíssimo".Frequentemente ouço os jovens cantar "Sabeis que sois um templo?" Sim. Somos templos de Deus, e o Espírito de Deus reside em nós, segundo as palavras de São Paulo (1Cor 3,16). 
5. Por meio do Coração Imaculado de Maria permanecemos na aliança com o Coração de Jesus, que é "templo do Senhor", o mais esplêndido "tabernáculo do Altíssimo" e o mais perfeito.(Angelus, 9 de junho de 1985)

Escreve o Padre Paschoal Rangel:
O tema do Templo é um dos mais ricos da Sagrada Escritura. O teólogo Yves Congar chegua mesmo a dizer que "o essencial do plano de Deus e do lugar que, nesse plano, têm os fiéis, se poderia excelentemente formular em termos de Templo, feito de pedras vivas". É comovente, para quem olha com os olhos da fé, o cuidado, diríamos, o carinho, com que o Senhor orienta os homens na construção de seu Templo e do culto a lhe prestarem. Os antigos Padres da Igreja se comprazem em notar essas minuciosas iniciativas de Deus com respeito à sua Casa, à sua liturgia e aos sacerdotes e levitas.Templo que é "naós", isto é, lugar de morada, santuário, um ninho de respeito e amor. Esse 'naós" se confunde, às vezes, com o "laós", isto é, o povo eleito e amadíssimo, povo que Deus escolhera para sua habitação especial: "Vós sois o Templo de Deus, e o Espírito de Deus habita em vós" (1Cor 3,16). 
Templo que é "hierón", isto é, lugar de encontro com Deus, de orações, local sagrado, que Jesus defendeu das profanações, não só expulsando os vendilhões (Mt 21,12), mas até impedindo que as pessoas passassem por seus corredores e átrios carregando objetos, com a mesma displicência com que andavam nas ruas. Foi São Marcos quem tomou nota desse detalhe importantíssimo (Mc 11,16).Mas o Templo é, dentro do regime do Novo Testamento, de modo especial, o Corpo de Cristo e o próprio Cristo: "Destruí este Templo (naós) e em três dias o reedificarei" (Jo 2,19). Habitação e santuário de Deus, onde o Pai se compraz: a divindade o habita de modo total, corporalmente (Cl 2,9). E como diz São João no Apocalipse: na cidade celeste, "não vi Templo, o Senhor Deus onipotente e o Cordeiro são o seu Templo" (Ap 21,22). 
São João fala de Jesus - observa Congar - com três imagens bíblicas fundamentais: Ele é a Palavra (mais que "Logos", Ele é "Dabar"); é a Glória, a nuvem, a treva luminosa (mais que "dóxa", é "Shekinah"); é a Habitação, onde a Palavra se revela nas misteriosa luz de Deus (mais tenda que casa, lugar onde se está, provisoriamente, repouso para uma noite; a "tenda de reunião" muda quando a "Shekinah" se vai; "Shekinah", nuvem e brilho, sinal da Presença de Deus, mas de um Deus que não se fixa, nem ninguém pode "prender".Jesus é, assim, uma Presença da Palavra, de uma Palavra que é Luz (outro tema básico de São João), Luz indicadora de que Deus está conosco, mas um Deus inapreensível; que faz questão de ir adiante, e quer ver se o acompanhamos por onde Ele for. Pois onde Ele estiver, aí estará seu Templo, nossa "barraca" de peregrinos, nosso repouso de caminhantes: "Se alguém me segue, não anda nas trevas" (Jo 8,12); "Quem não me segue, não é digno de mim" (Mt 10,28). Por isso, dá vontade de dizer com Pedro: "Senhor, a quem iremos?" Só tu tens palavras de vida eterna" (Jo 6,68). 
Nesse Templo santo de Deus queremos ficar. Para onde for... (RANGEL, 1993)


Notas:

RANGEL, Paschoal. Sagrado Coração do Homem. Belo Horizonte: O Lutador, 1993.

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